Hugo e Eu e as Mangas de Marte

 
Cover:  Hugo e Eu e as Mangas de Marte

Hugo e Eu e as Mangas de Marte
Richard Zimler | 2011

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Bertrand | Wook

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Zezé tem saudades do avô. Tantas que faz coisas que os adultos não percebem só para continuar os desejos do avô. Faz coisas que o avô deixou por fazer. Em "Hugo e Eu e as Mangas de Marte", texto de Richard Zimler e ilustrações de Bernardo Carvalho (Caminho), percebemos que as coisas mais simples são as mais importantes e significativas. Um livro sobre relações entre a família e as relações com os amigos. É para ser lido às crianças, mas também para ser ouvido pelos adultos.

O escritor Richard Zimler mostra-nos de uma forma simples os valores da amizade e da família com pinceladas que remontam à descolonização. Radicado no Porto desde 1990, o escritor norte-americano aproveita um momento conturbado da história de Portugal para fazer um breve e importante apontamento nesta história infantil. É, aliás, este apontamento que dá sentido a todo um desenvolvimento que nos havia sido apresentado nas páginas anteriores.

Nesta história com ilustrações de Bernardo Carvalho, as personagens não parecem criadas de propósito. São, isso sim, pessoas reais que podem encontrar-se em qualquer casa de Moçambique.

A avó Minki é igual a todas as avós do mundo, tal como a avó Fifi. O Hugo é um urso de peluche igual a tantos outros pertencentes a tantas pessoas. Aqui, ganham exactamente por isso, por serem iguais a tantas pessoas. É uma estória que podia acontecer a qualquer um de nós. É uma estória simples e com grande significado.

Diz o avô de Zezé que "quando se faz uma coisa boa a alguém de quem gostamos, estamos a criar um círculo (...) e que é perigoso deixar um círculo por completar, porque as coisas incompletas tornam as pessoas infelizes".

E é exactamente esta frase que é o mote do livro escrito por Richard Zimler e ilustrado por Bernardo Carvalho. São páginas escritas e desenhadas que nos vão indicando o caminho para que o círculo desta família se feche.

São as lembranças das enormes mangas saborosas e das mãos ásperas do Vovô que levam Zezé ao seu baú e que o fazem descobrir as cartas antigas datadas da descolonização. São os sentimentos de perda que fazem a estória avançar de forma a que se «feche o círculo» das coisas inacabadas.

Prepare-se o leitor para sorrir com as perguntas de Zezé e para chorar com as palavras dos crescidos. É que os crescidos também choram lágrimas de alegria.

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